segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Pedaços Imortais




Por entre as folhas vejo algo, algo que não se quer mostrar. No negrume da noite, tento seguir-lhe o rasto. Impossível. É demasiado inteligente, não se deixa apanhar.

Sinto-me desesperada, como se esta rotina sucessiva fizesse parte de mim. Como se tivesse que acontecer. Como se algo me obriga-se a correr atrás daquele vulto confuso que se esconde e não se quer mostrar.

Sinto-me encurralada num labirinto fechado. Não há saída. Tento pedir ajuda, e num acto de desespero, solto gritos constantes de angústia. É inútil. A minha voz faz eco na minha cabeça. Como se algo a abafasse. Como se algo não me deixasse pedir ajuda. E na realidade, não precisava. Sentia-me segura e confiante.

Está ali, estou a vê-lo! Tento aproximar-me, mas ele volta a desaparecer por entre a névoa que soa naquele lugar sinistro.

Então eu corro. Corro para um rumo sem destino à mercê de um vulto. Vulto, esse que procuro com persistência. Eu vi-o, ou senti-o. Já não sei ao certo. Mas eu sei que existe. Pelo menos até cair em mim e acordar de novo.

Mas enquanto isso não acontece, deixo-me envolver num mundo de sonhos que vão sempre dar ao mesmo. Aquela floresta sem fim, aqueles arbustos misteriosos, algo que se esconde de mim, algo que tem medo de se mostrar.

Sinto-me perdida num mundo que não é o meu, mas que me é familiar. Vejo-me no meio de nada, à procura de algo que não existe mas, insiste em existir. Tudo fruto da minha imaginação fértil e supersticiosa.

Será isto possível?

Não, é só um sonho. Não passa de um estúpido sonho que insiste em atormentar-me todos as noites e fazer-me ver, mais uma vez, que não posso dormir a desejar não o fazer.

Sem comentários:

Enviar um comentário